08 Março, 2017 10:10

Evangelina realiza 1ª cirurgia em bebê no momento da cesariana

*Por Astrid Lages

Maior do Estado e referência em atendimento em alta complexidade obstétrica e perinatal, a Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER) deu mais um passo para compor sua história de pioneirismo, com a realização da primeira cirurgia no Piauí de correção cirúrgica primária de Gastrosquise fetal no momento da cesariana (antes do clampeamento do cordão umbilical). Para a realização do procedimento, o envolvimento de uma equipe multiprofissional e o resultado exitoso: mãe e bebê estão em boa recuperação, sendo acompanhados na Maternidade.

“Participamos de um marco na nossa Maternidade Pública: a primeira cirurgia, desse tipo, com sucesso em hospital público (Maternidade Dona Evangelina Rosa) do nosso Estado”, comemorou o médico obstetra e de medicina fetal, Jailson Costa Lima, que também atua como professor do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

O médico explica que a gastrosquise é uma malformação congênita caracterizada por defeito na formação da parede abdominal, permitindo que as vísceras abdominais, como estômago e intestinos, saiam por uma abertura. A média de incidência na Evangelina Rosa é de um caso por mês, ou seja, uma proporção de um nascimento de fetos com gastrosquise a casa mil nascimentos. A frequência varia de acordo com a população.

Até então, os bebês diagnosticados eram submetidos ao procedimento em 24/48 horas depois, o que gerava risco mais elevado de infecção, além de maiores custos hospitalares, uma vez que, após o parto cesáreo, seguiam ao berçário com as alças intestinais exteriorizadas com o uso de proteção. “Além disso, os recém-nascidos nesse procedimento são submetidos a uma anestesia geral e a cirurgia convencional, feita pelo cirurgião pediátrico onde há maior possibilidade da parede abdominal não conseguir ser fechada porque as alças se distendem muito, aumentando a probabilidade de um fechamento não primário”, explicou o obstetra.

O médico fetal destacou ainda a importância da triagem dessas crianças, ou seja, que os médicos de outras localidades, uma vez tendo o diagnóstico por ultrassonografia, referenciem para a Maternidade. Ele anunciou que neste mês de março a Maternidade deve inaugurar um laboratório específico de fetos malformados. “Vamos ter um laboratório de medicina fetal específico para bebês com malformações para que possamos aperfeiçoar o atendimento às gestantes para profissionais especializados”, frisou.

Jailson relatou estar muito feliz em participar de mais essa inovação na Maternidade, da integração do grupo e imensamente orgulhoso pelo envolvimento da equipe multiprofissional. Compuseram a equipe os médicos de cirurgia pediátrica, Ivo Viana e Bruno Falcão (responsáveis pela cirurgia abdominal no feto e recém-nascido), da Medicina Fetal e Obstetrícia, Jailson Costa (responsável pelo diagnóstico, critérios de interrupção da gravidez e classificação da gastosquise fetal), além de profissionais da anestesiologia (anestesia aplicada na mãe que passa para o feto), pediatria clínica e residentes.