Marília, uma das crianças atendidas

* Por Graciene Nazareno - Sesapi

Mais um dia dedicado a elas, as crianças com microcefalia. Foi neste último sábado, 25, no Instituto de Perinatologia da Maternidade Dona Evangelina Rosa, o dia D de atendimento multiprofissional a 58 crianças, vindas de mais de 30 municípios, no primeiro Mutirão de Atendimento às Crianças com Microcefalia no Piauí. Numa iniciativa da Secretaria de Estado da Saúde e diversos parceiros, a ação reforçou mais que saúde, mais também cidadania, direito, assistência social e muito, muito carinho, tanto às crianças como também aos seus familiares.

A Thábata Sousa foi uma das famílias atendidas pelo Mutirão. Mãe da pequena Maria Ísis, de um ano e sete meses, a moradora de Barras elogiou a iniciativa, já que pôde, num só dia, “realizar todos os atendimentos, o que facilita pra gente, principalmente para quem não mora em Teresina”, disse. Ali no Mutirão, a Maria e todas as crianças passaram por pediatra, oftalmologista, neonatologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo, além de atendimento nas áreas de assistência social e direito.

De acordo com Carmem Ramos, coordenadora do Centro de Referência à Microcefalia da Maternidade Dona Evangelina Rosa, o Mutirão foi planejado para, de forma ágil, ter uma avaliação da assistência às crianças com microcefalia, desde o surto ocorrido em outubro de 2015. Pelo Centro, mais de 200 crianças foram atendidas, tiveram seus casos avaliados e confirmado o diagnóstico, encaminhado para o tratamento, que ocorre tanto no município onde reside, como em Teresina.

A coordenadora afirma que o Mutirão, além de ofertar variados serviços, será o parâmetro para futuras ações, explica. “Aqui, oferecemos os diversos serviços que as crianças necessitam, tendo como fazer uma avaliação geral para saber como está o atendimento a elas, o seu desenvolvimento e o que o Estado deve oferecer para melhorar cada vez mais essa assistência”, afirma a coordenadora.  

O formato de Mutirão, atrelado à assistência permanente, terá edições por semestre, garantiu o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto. “Percebemos a grandeza no atendimento às crianças com microcefalia e suas famílias, aqui pelo Mutirão. Diversas instituições e parceiros, mobilizados para atender essas crianças, para que a gente possa avaliar o atendimento dessas crianças nos municípios em que elas residem. Pelo sucesso da ação, em garantir e dar uma resposta rápida às famílias, todos os anos vamos realizar dois mutirões como esse”, afirma.

Ainda em 2015, o Governo do Estado desenvolveu um plano de trabalho para garantir a assistência às crianças com microcefalia. Para isso, a Secretaria de Estado da Saúde implantou o próprio Centro de Referência, onde a criança é encaminhada para investigação, avaliação, realização de exames e diagnóstico. Além disso, ampliou a oferta de vagas para o atendimento no Centro de Reabilitação(CEIR), além de capacitar e qualificar os profissionais de saúde que atuam nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família(NASF), dos 224 municípios, possibilitando assim, que salas de estimulação precoce fossem implantadas, assegurando também os equipamentos necessários.

Essa estratégia na descentralização do atendimento é reconhecida pela Thábata, que ao ter a confirmação do diagnóstico da Maria, adequou a rotina da família para se adaptar às necessidades da filha, que logo bebê iniciou uma série de atendimentos, tanto na cidade onde mora, como em Teresina. “Nós tivemos que fazer com que a nossa rotina virasse a dela e não a dela virasse a nossa. Ela está sendo muito bem atendida, com dois dias de atendimento em Barras, e dois dias de atendimento no CEIR, dá para ela pegar praticamente toda a semana no tratamento”, afirma. 

O Mutirão cuidou da saúde mental dos familiares, entre mães, pais, filhos, avós e tias, que acompanharam os atendimentos. Eles também foram avaliadas por psicólogas, e ainda tiveram momento de beleza, com penteado e maquiagem, culminando com um ensaio fotográfico, que brevemente será exposto em locais públicos.